quarta-feira, 20 de julho de 2011

Treinamento do ator animador e conceito de objeto animado

Lembro que este foi um assunto bem discutido nos nossos encontros. Pelo que recordo, identificamos dois tipos de treinamento do ator-animador, ou melhor, dois modos de abordagem: a) um treinamento específico para um espetáculo, para uma técnica; b) um treinamento global, mais relacionada ao estágio pré-expressivo.
Sobre o treinamento específico, normalmente é ele que utilizamos frente às necessidades práticas de marcação de cena e produção do espetáculo num tempo curtíssimo. Acho que o termo "tratamento de choque" pode cair muito bem. Em contraponto, acho que foi um consenso a crença de que a nossa maior ânsia é trabalhar com atores criativos, que possam colaborar no processo de criação do espetáculo e não apenas reproduzir marcas. Daí decorre que o estágio pré-expressivo do ator-animador deverá sensibilizá-lo não apenas do ponto de vista do conhecimento e controle de seu próprio corpo mas, também, do ponto de vista da apreensão do potencial plástico, cinético e simbólico do objeto animado.
Esclareço aqui que, ao utilizar a palavra 'objeto' refiro-me a qualquer composição plástica utilizada na cena, seja um boneco (forma antropomórfica), uma silhueta de sombra ou mesmo um utensílio doméstico. Assim, uso a seguinte definição dada pelo dicionário Aurélio para objeto: 1.Tudo que é manipulável e/ou manufaturável; 2.Tudo que é perceptível por qualquer dos sentidos; 3.Coisa, peça, artigo de compra e venda.
Por isso, ao falar do objeto no Teatro de Animação, diferencio seus dois estágios de existência: objeto inanimado (antes de sua interação com o ator para a produção da cena) e objeto animado (fruto da vontade do ator em simular essa existência autônoma). Para ilustrar essa questão, Miguel Vellinho deu uma ótima pista nas nossas conversas: lembrou oportunamente da análise do movimento através de fotogramas feita por Edward Muybridge. Encontrei esse vídeo que mostra como a interação das mãos com o objeto inanimado (no caso, ilustrações) produz a ilusão do movimento.

3 comentários:

  1. É a velocidade de transição entre os fotogramas sequenciados que causa a ilusão do movimento. A variação das velocidades imprime diferentes qualidades a este movimento. Penso que, para animarmos o boneco, devemos também pensar em "fotogramas", pois, assim, poderemos definir as imagens que funcionarão como "marcos" da ação.

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  2. Olá!! Legal este vídeo. Interessante pensar a ideia de "fotograma" na animação do objeto, rever o tempo e a velocidade/intensidade da ação.
    Da AÇÃO à ElaborAÇÃO. Abçs

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  3. Álvaro:

    Normalmente, nas oficinas que ministro, gosto de iniciar os trabalhos a partir da observação do modelo que será representado.
    Peço aos oficinandos que dividam-se em grupos de quatro e, um deles, será o modelo. O modelo faz algumas poses que deverão ser 'esculpidas' em um pedaço de tecido...espécie de fotogramas tridimensionais...
    Em seguida, peço que façam a transição de um fotograma a outro, ou seja, animem o pedaço de tecido, passando pelos marcos elaborados atrvés da cópia do modelo. Normalmente esse exercício cria uma limpeza na sequencia de movimentação do boneco.

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